Neste período quaresmal a liturgia deste domingo convida a nos deixarmos purificar. É preciso que purifiquemos nosso coração, para que nos tornemos, de fato, "pedras vivas" de um grande edifício espiritual agradável a Deus (1Pd 2,5).
O Evangelho (Jo 2, 13-25) nos apresenta Jesus purificando o Templo. Para ele acorriam, em épocas festivas, multidões de peregrinos, inclusive os que viviam fora dos limites das terras de Israel. Era um grande movimento de pessoas, que iam ao Templo para cumprir os preceitos cultuais e, por isso, as mesas de cambistas, para trocar dinheiro estrangeiro por moeda judaica, bem como os mercadores de bois, ovelhas e outros animais, que seriam utilizados para o sacrifício.
Isaías havia denunciado, em seu tempo, a esterilidade do culto, quando este está desligado da prática da justiça e misericórdia (Is 1, 11-17). Nesta linha profética, expulsando os vendilhões e cambistas do espaço sagrado, Jesus não simplesmente "purifica" o Templo, mas inaugura um culto novo. Agora, o encontro com Deus vivo não está mais restrito a lugares físicos, mas se dá em seu Corpo, novo templo espiritual (Jo 2, 19). Este é o povo de Deus, "pedras vivas" de um edifício espiritual, onde Ele mesmo é a "pedra angular" (1Pd 2, 4-5), sendo este, no mundo, a presença dos valores do Reino.
Na segunda leitura (1Cor 1, 22-25) temos um tema muito caro ao apóstolo Paulo, que se refere à centralidade de Jesus Crucificado na pregação cristã. Isto é importante, porque purifica nossa fé. Não nos deixa cair em uma religião "mágica", onde se fica exigindo "milagres" para crer, ou então, em uma fé racionalista, que pede provas e evidências para acreditar. Contrariando qualquer lógica humana, Paulo apresenta a doação da vida, como caminho para a fé.
A primeira leitura (Ex 20, 1-17) traz os dez mandamentos, tal como apresentado no livro do Exôdo. Mais do que "normas", eles são balizas, para orientar nosso caminho para Deus. Seguindo-os, com certeza, chegaremos até Ele. Os três primeiros mandamentos se referem ao relacionamento com Deus, enquanto que os demais dizem respeito à relação com os outros, evidenciando a centralidade do próximo em nossa vida de fé.
Enfim, neste tempo tão fecundo, purifiquemos nossa fé. Deixemos que sejam expulsas todas as coisas, pessoas e situações, que "emperram" nossa relação filial com Deus e fraternal com os irmãos.
Pe. Toninho